quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

E agora, Luiz? A festa acabou?


Desde seu início, o Governo Lula não sofria uma derrota política tão contundente. A derrota da Base Aliada na votação para prorrogação da CPMF foi uma ruptura. É um evento típico daqueles pontos de inflexão quando tudo muda e o futuro fica incerto. E, realmente, as únicas coisas que estão incertas fazem parte do futuro. No presente podemos ver as rachaduras e contradições de forma tão patente que os governistas estão sem palavras, balbuciando explicações desconexas e rangendo seus dentes por haverem desmascarado sua incompetência.

Grande parte desta incompetência veio da arrogância. Não deviam ter subestimado a oposição, que sempre foi mais coesa que o PT e o PMDB juntos. Aliás, deviam ter levado em conta esta fraqueza e começado a negociar a aprovação há muito mais tempo, cedendo aqui, oferecendo ali. Mas preferiram o caminho da força, da radicalização, com Mantega e Lula ameaçando o povo, chamando todo mundo que não queria a CPMF de sonegador e dizendo que iriam sucatear ainda mais o nosso Sistema Único de Saúde. No final, praticamente nos 45 do segundo tempo, tiveram que se rebaixar e pedir o penico: o Lula saindo do Planalto para tomar café da manhã na casa de um governador e mendigar apoio (onde estão os protocolos de Hierarquia???) e o Mantega assinando cartas destinadas ao Senado se comprometendo a cumprir sua proposta para a aprovação.

Não surtiu efeito. Bem feito!

Só restou o Mercadante fingindo que fala grosso e levantando a voz nas entrevistas, dando um ar de chilique àquela afetação toda. Por que se prestam a tais papéis?!

Mas o pior de tudo ainda está por vir. A minha amiga cartomante e economista, Mãe Dinorá, vê nuvens escuras no médio prazo. Por hoje já temos uma idéia, com mais um exemplo de incompetência do nosso Ministro da Fazenda (se é que ele merece tal alcunha). O garoto Mantega, ao invés de chegar dizendo alto e em bom tom que faria cortes para se adequar à menor receita, falou timidamente em “manter o superávit primário” mas mantendo a prioridade dos gastos sociais e populistas. Oras, como ele fará tal mágica? Se o local onde os gastos são menos rígidos está exatamente no “bolsa família” ?
Não teve jeito, o mercado viu isso com receio, como uma esquiva do ajuste fiscal necessário. Acentuou a queda da Bovespa, as agências de risco anunciaram que vão segurar um pouco a indicação do Brasil para o “grau de investimento” e o Lula foi se consolar com o também derrotado em suas pretensões, senhor Hugo Chavez.

Por outro lado, as nuvens escuras da Mãe Dinorá não estão 100% determinadas. Justamente pelo fato de não haver mágica, assim como 2 mais 2 não são 6, Lula vai ter que cortar em algum lugar, o que é o oposto de todo princípio político de seu governo. Como Dilma Rousef disse certa vez, para o Governo Lula “Gasto Corrente é vida”.

Mas e agora que vai ter que diminuir o gasto? O governo morreu?

E agora, José?
Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

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