segunda-feira, 8 de dezembro de 2008


Acreditou no Câmbio? Sifu!
É a pegadinha do malandro...



Tem horas que me pergunto se fazer política é negar o óbvio para a população, contemporizando a fim de estar preparado quando o pior chegar. Claro que o governo Lula não inventou o artifício estilo “Pegadinha do Malandro”. Porém, como em outros casos (o próprio Mensalão, ou as negativas veementes de FHC antes da mega desvalorização do início de 1999), está havendo um excesso de estresse no mecanismo, até o ponto em que ele se tornará inócuo e a credibilidade do governo como orientador das expectativas sofrerá um sério revés.

A recente desvalorização cambial (iniciada pelo dia 03/09/08) seria um novo exemplo, porém não será o último. Já vemos a Dilma Roussef e o Paulo Bernardo “afirmando negativas”. Isso, segundo o economista Márcio Holland da FGV de Sampa, é um bom indicativo para que apostemos no contrário. Se eles afirmam a negação, aposte no que está sendo negado. ( http://www.eesp.fgv.br/blog_detalhe.php?idBlog=46 )

Mas essa desvalorização recente do Real frente o Dólar seria até agora o caso mais grave. Aracruz, Sadia, Votorantim e outras empresas, que ou não divulgaram balanços ou não são grandes o suficiente para receberem o enfoque, podem ser o link entre nós e a Economia Mundial. Será que isso finalmente levará a chão a nova idéia do Descolamento que o Mantega se amarra em afirmar?

Pois não pensem vocês que somente as grandes sofreram. Conforme o Brasil foi se integrando ao comércio internacional a partir do Collor (valeu Dionísio Dias Carneiro e seu texto sobre as caravelas queimadas), cada vez mais houve a democratização dos produtos importados. Salmão, Batatas Pringles, I-Pods, Notebooks, Vinhos e uma gama infinita de produtos se tornaram parte do nosso dia a dia. Sem contar os insumos que diversas indústrias trazem de fora.

No entanto, as exportações se concentraram na mão de alguns poucos. E como importador é tratado no Brasil como contrabandista picareta, só houve espaço nos jornais aos prejuízos astronômicos que os exportadores concentrados tiveram. Mas a verdade é que, tanto importadores quanto exportadores, todos apostaram errado no dólar e todos Sifu!

Agora me pergunto. Essa prática de negar o óbvio tem culpa no cartório? Claro que a ganância das firmas também têm. Mas seria culpa das firmas isoladamente?

Para termos um indicador da resposta, observem o gráfico abaixo, no qual plotei dia a dia as cotações de fechamento da IBOVESPA versus a Taxa de Câmbio R$/US$.


Enquanto a Bovespa caminhava para atingir seu Pico Histórico no fechamento, (acho que em 19/05/2008), o Real foi se valorizando, quase linearmente, reafirmando a crença comum e um pouco grosseira dos corretores de câmbio: “Se a Bovespa está subindo, o dólar ta caindo”. Todo mundo ainda embalado na bolha mundial.

Porém, a partir desse pico, a Bovespa inverte seu caminho com o dólar acompanhando a queda. Aliás, o dólar acompanhou caindo ainda mais linearmente que antes. Acho que alguns corretores de câmbio chegaram a rever suas vidas nesse momento. A crise já havia se iniciado nos EUA (alguns colocam o Northern Rock na GB como uns dos primeiros indícios), mas aqui as autoridades afirmavam o Descolamento, usando como argumento exatamente os dados da Bovespa e do Câmbio!

Quem não lembra do Lula dizendo que a crise aqui seria um resfriadinho, uma marola, e coisas do gênero? O Mantega se apegando ao descolamento, dizendo com orgulho que o que acontecia nos mercados financeiros do norte não mais afetavam São Paulo?

Portanto, apostar na contínua queda do dólar parecia natural, tendo em vista que ele continuava em queda constante por um ano seguido, a despeito do que acontecesse no além mar.

Junte a isso a subida dos juros, que a meu ver utilizava deliberadamente a desvalorização do dólar como arma contra a inflação, e um Lehman Brothers armado como uma bomba-relógio (explodiu depois daquela fatídica semana em que AIG, Merrill Lynch e o Lehman estavam mendigando socorro – coincidentemente quando o real inverteu e se desvalorizou bruscamente).

Pronto! Estava armada a cama de gato que pegou as empresas brasileiras.
P.s.: Isso me faz lembrar uma pesquisa da consultoria Nielsen, que mostra o Brasil encabeçando uma lista de 47 países com a população que mais acredita em propagandas. Bem, todo povo tem o governante que merece, não é mesmo?

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

No meio de toda festa de Wall Street, por volta de janeiro do nosso fatídico ano, dizem que ouviram essa história. No meio de uma festa, com chinesas, brasileiras, indianas, russas, todas rebolando no batidão, tocou uma música inesperada que deixou todos desempolgados...

Man life can get all up in your ass baby you betta work it out
Let me tell you what it's all about
A nation not considered equal
A meteor has more right than my people
Who be wastin' time screaming who they've hated
That's why the Native Tongues have officially been re-instated

(Vibes....vibrations)Stakes is high
(Higher than high)You know them stakes is high

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Peão toma Peão




Hoje a imprensa especula sobre a abertura de uma nova frente de guerra. Com a entrada da Rússia, o conflito entre a Geórgia e a Ossétia do Sul ganha uma proporção mais global do que realmente teria. A primeira vista, tudo está parecendo muito sério, mas visto em uma perspectiva mais ampla este confronto não terá uma proporção tão alta assim.

Na verdade, a Rússia está reavaliando até onde suas fronteiras efetivas vão. O apoio ocidental à independência de Montenegro, pressionando o que seria a uma nova fronteira entre o ocidente e o oriente (algo que oscila desde as guerras da antiguidade), o escudo de mísseis da OTAN na Polônia e República Tcheca mais as celeumas em torno do abastecimento de gás da Europa pela Rússia (gás vindo do oriente, diga-se de passagem) criou uma janela de possibilidades para que o conflito na Geórgia ocorresse.

A própria Geórgia estava pleiteando um lugar na OTAN, o que expandiria a zona de influência do ocidente até a vizinhança russa, e como Newton dizia, toda ação tem uma reação contrária e na mesma proporção. Algo extremamente previsível, tanto que a Alemanha acabou por boicotar esta entrada da Geórgia (a Alemanha continua um pouco avessa ao risco em termos de relações internacionais, afinal foi uma estratégia mal calculada que a colocou na Primeira Guerra).

Assim, como algo típico da diplomacia da força russa, o que está havendo é a demonstração de que praquelas bandas ninguém deve meter o bedelho. Agora a Geórgia está se vendo sozinha e sem aliados para reverter a situação, tanto que já deu algumas declarações amenas e propôs um cessar fogo a partir das 3 p.m..

Mas o sinal preocupante é a formação de blocos rivais delimitados e palpáveis de forma mais nítida. A história da hegemonia americana após queda do Muro de Berlim está cada vez mais longínqua, no seu lugar está um mundo multipolar com diversos atores política e economicamente relevantes.

http://www.economist.com/world/europe/displayStory.cfm?story_id=11909324&source=features_box_main

domingo, 27 de julho de 2008

Neguinho tá exagerando?




Quando comecei a estudar a economia eu simplesmente parei de me importar com as hipóteses tomadas para construção dos modelos levando em consideração a justificativa de que a generalização e simplificação era para tornar tudo mais didático. Para conseguirmos "ver" alguns fenômenos. Porém, com o tempo, comecei a achar algumas coisas muito forçadas, do tipo:

Mais é preferível a menos (desde que o bem não seja um mal).

O objetivo da empresa é maximizar lucros.

Principalmente quando comecei a saber de alguns paradoxos que mostravam quão fracas eram tais hipóteses (paradoxo de Allais, por exemplo).

Essa assunção de que os agentes econômicos nem sempre tomam decisões racionais, a meu ver, era a abertura do campo para a Economia Comportamental, sempre querendo esfregar na cara dos economistas mais ortodoxos onde a teoria deles era furada.

Mas na média os velhos estavam certos, oras. Claro que sempre vai haver aquele maluco que serve de contra-exemplo para um teorema econômico neoclássico. O importante é que nos grandes números ela faz sentido. Por outro lado, essa quebra que os comportamentais propõem ajudam a tomarmos cada vez mais cuidado com o que assumimos.

Outro ponto a favor dos neoclássicos a meu ver parece com a argumentação dos monetaristas: não quero saber a forma como a política monetária inflencia a economia, o que acontece na caixa-preta das conexões econômicas, mas quero saber o resultado final. Tanto que os caras de Princeton criticam a nova Neuroeconomia desta forma: o que nos importa são as preferências reveladas.

Isso é bastante justo! Quem duvida que o aumento da renda impulsiona o consumo; que o preço mais alto faz a galera consumir menos (ok ok, estou retirando os bens de Giffen).

Me faz lembrar a Cibernética do Wiener, que inclusive ajudou a Neurociência. Important é que um estímulo que eu dou tem um resultado: se o resultado foi correto, minha assunção foi correta; senão, o feedback me obriga a rever meus conceitos. Tudo muito prático; digamos pragmático.

Essa coisa de ver por onde o sangue flui no cérebro para entender porque o louco quis receber menos do que mais, ou aquele imã na testa pra prever qual a resposta do apostador me parece satisfatório para um novo Dr. Pangloss.

Vejam o artigo da economist.

Neuroeconomics

Do economists need brains?
Jul 24th 2008 NEW YORK
From The Economist print edition
http://www.economist.com/finance/displayStory.cfm?source=hptextfeature&story_id=11785391

A new school of economists is controversially turning to neuroscience to improve the dismal science


FOR all the undoubted wit of their neuroscience-inspired concept album, “Heavy Mental”—songs include “Mind-Body Problem” and “All in a Nut”—The Amygdaloids are unlikely to loom large in the annals of rock and roll. Yet when the history of economics is finally written, Joseph LeDoux, the New York band’s singer-guitarist, may deserve at least a footnote. In 1996 Mr LeDoux, who by day is a professor of neuroscience at New York University, published a book, “The Emotional Brain: The Mysterious Underpinnings of Emotional Life”, that helped to inspire what is today one of the liveliest and most controversial areas of economic research: neuroeconomics.

In the late 1990s a generation of academic economists had their eyes opened by Mr LeDoux’s and other accounts of how studies of the brain using recently developed techniques such as magnetic resonance imaging (MRI) showed that different bits of the old grey matter are associated with different sorts of emotional and decision-making activity. The amygdalas are an example. Neuroscientists have shown that these almond-shaped clusters of neurons deep inside the medial temporal lobes play a key role in the formation of emotional responses such as fear.

These new neuroeconomists saw that it might be possible to move economics away from its simplified model of rational, self-interested, utility-maximising decision-making. Instead of hypothesising about Homo economicus, they could base their research on what actually goes on inside the head of Homo sapiens.

The dismal science had already been edging in that direction thanks to behavioural economics. Since the 1980s researchers in this branch of the discipline had used insights from psychology to develop more “realistic” models of individual decision-making, in which people often did things that were not in their best interests. But neuroeconomics had the potential, some believed, to go further and to embed economics in the chemical processes taking place in the brain.

Early successes for neuroeconomists came from using neuroscience to shed light on some of the apparent flaws in H. economicus noted by the behaviouralists. One much-cited example is the “ultimatum game”, in which one player proposes a division of a sum of money between himself and a second player. The other player must either accept or reject the offer. If he rejects it, neither gets a penny.

According to standard economic theory, as long as the first player offers the second any money at all, his proposal will be accepted, because the second player prefers something to nothing. In experiments, however, behavioural economists found that the second player often turned down low offers—perhaps, they suggested, to punish the first player for proposing an unfair split.

Neuroeconomists have tried to explain this seemingly irrational behaviour by using an “active MRI”. In MRIs used in medicine the patient simply lies still during the procedure; in active MRIs, participants are expected to answer economic questions while blood flows in the brain are scrutinised to see where activity is going on while decisions are made. They found that rejecting a low offer in the ultimatum game tended to be associated with high levels of activity in the dorsal stratium, a part of the brain that neuroscience suggests is involved in reward and punishment decisions, providing some support to the behavioural theories.

As well as the ultimatum game, neuroeconomists have focused on such issues as people’s reasons for trusting one another, apparently irrational risk-taking, the relative valuation of short- and long-term costs and benefits, altruistic or charitable behaviour, and addiction. Releases of dopamine, the brain’s pleasure chemical, may indicate economic utility or value, they say. There is also growing interest in new evidence from neuroscience that tentatively suggests that two conditions of the brain compete in decision-making: a cold, objective state and a hot, emotional state in which the ability to make sensible trade-offs disappears. The potential interactions between these two brain states are ideal subjects for economic modelling.

Already, neuroeconomics is giving many economists a dopamine rush. For example, Colin Camerer of the California Institute of Technology, a leading centre of research in neuroeconomics, believes that incorporating insights from neuroscience could transform economics, by providing a much better understanding of everything from people’s reactions to advertising to decisions to go on strike.

At the same time, Mr Camerer thinks economics has the potential to improve neuroscience, for instance by introducing neuroscientists to sophisticated game theory. “The neuroscientist’s idea of a game is rock, paper, scissors, which is zero-sum, whereas economists have focused on strategic games that produce gains through collaboration.” Herbert Gintis of the Sante Fe Institute has even higher hopes that breakthroughs in neuroscience will help bring about the integration of all the behavioural sciences—economics, psychology, anthropology, sociology, political science and biology relating to human and animal behaviour—around a common, brain-based model of how people take decisions.

Mindless criticism
However, not everyone is convinced. The fiercest attack on neuroeconomics, and indeed behavioural economics, has come from two economists at Princeton University, Faruk Gul and Wolfgang Pesendorfer. In an article in 2005, “The Case for Mindless Economics”, they argued that neuroscience could not transform economics because what goes on inside the brain is irrelevant to the discipline. What matters are the decisions people take—in the jargon, their “revealed preferences”—not the process by which they reach them. For the purposes of understanding how society copes with the consequences of those decisions, the assumption of rational utility-maximisation works just fine.

But today’s neuroeconomists are not the first dismal scientists to dream of peering inside the human brain. In 1881, a few years after William Jevons argued that the functioning of the brain’s black box would not be known, Francis Edgeworth proposed the creation of a “hedonimeter”, which would measure the utility that each individual gained from his decisions. “From moment to moment the hedonimeter varies; the delicate index now flickering with the flutter of the passions, now steadied by intellectual activity, low sunk whole hours in the neighbourhood of zero, or momentarily springing up towards infinity,” he wrote, poetically for an economist.

This is “equivalent to neuroeconomics’ brain scan,” notes David Colander, an economist at Middlebury College in Vermont, in an article last year in the Journal of Economic Perspectives, “Edgeworth’s Hedonimeter and the Quest to Measure Utility”. Later economists such as Irving Fisher, Frank Ramsey (who proposed a utility-measuring machine called a “psychogalvanometer”) and Friedrich von Hayek would discuss the role of the complex inner workings of the brain. Hayek cited early advances in neuroscience to explain why each individual has a unique perspective on the world.

The reason why economists in the late 19th century and much of the 20th put the rational utility-maximising individual at the heart of their models was not that they thought that economics should avoid looking into the brain, but because they lacked the technical means to do so, says Mr Colander. “Economics became a deductive science because we didn’t have the tools to gather information inductively. Now, better statistical tools and neuroscience are opening up the possibility that economics can become an abductive science that combines elements of deductive and inductive reasoning.”

The big question now is whether the tools of neuroscience will allow economics to fulfil Edgeworth’s vision—or, if that is too much to ask, at least to be grounded in the physical reality of the brain. Studies in the first decade of neuroeconomics relied heavily on active MRI scans. Economists’ initial excitement at being able to enliven their seminars with pictures of parts of the brain lighting up in response to different experiments (so much more interesting than the usual equations) has led to a recognition of the limits of MRIs. “Curiosity about neuroscience among economists has outstripped what we have to say, for now,” admits Mr Camerer.

A standard MRI identifies activity in too large a section of the brain to support much more than loose correlations. “Blood flow is an indirect measure of what goes on in the head, a blunt instrument,” concedes Kevin McCabe, a neuroeconomist at George Mason University. Increasingly, neuroscientists are looking for clearer answers by analysing individual neurons, which is possible only with invasive techniques—such as sticking a needle into the brain. For economists, this “involves risks that clearly outweigh the benefits,” admits Mr McCabe. Most invasive brain research is carried out on rats and monkeys which, though they have similar dopamine-based incentive systems, lack the decision-making sophistication of most humans.

One new technique being used by some neuroeconomists is transcranial magnetic stimulation, in which a coil held next to the head issues a low-level magnetic pulse that temporarily disrupts activity in a certain part of the brain, to see if that changes the subject’s preferences—for example, for a particular food and how much he is willing to pay for it. However, this tool, too, has only limited applicability, as it cannot get at the central temporal node of the brain where much basic reward activity takes place.

Still, Mr Camerer is confident that neuroeconomics will deliver its first big breakthroughs within five years. Likewise, Mr McCabe sees growing sophistication in neuroeconomic research. For the past four years, a group of leading neuroeconomists and neuroscientists has met to refine questions about the brain and economic behaviour. Researchers trained in both neuroscience and economics are entering the field. They are asking more sophisticated questions than the first generation “spots on brains” experiments, says Mr McCabe, such as “how these spots would change with different economic variables.” He expects that within a few years neuroeconomics will have uncovered enough about the interactions between what goes on in people’s brains and the outside world to start to shape the public-policy agenda—though it is too early to say how.

The success of neuroeconomics need not mean that behavioural economics will inevitably triumph over an economics based on rationality. Indeed, many behavioural economists are extremely pessimistic about the chances that brain studies will deliver any useful insights, points out Mr Camerer with regret.

However, Daniel Kahneman, a Princeton University psychologist who in 2002 won the Nobel prize in economics for his contribution to behavioural economics, is an enthusiastic supporter of the new field. “In many areas of economics, it will dominate, because it works,” says Mr Kahneman.

Even so, “we are nowhere near the demise of traditional neoclassical economics,” he argues. Instead, insights from brain studies may enable orthodox economists to develop a richer definition of rationality. “These traditional economists may be more impressed by brain evidence than evidence from psychology,” he says; “when you talk about biology either in an evolutionary or physical sense, you feel they have greater comfort levels than when you start to talk about psychology.”

In this respect, Mr Kahneman’s Princeton colleagues and neuroscience-bashers may be making a mistake in bundling behavioural economics—soft mind science—and neuroeconomics—hard biology—together. “It is far easier to argue for mindless economics than for brainless economics,” he says.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Gracias and good night

Colombia
Jul 3rd 2008From The Economist print edition
Despite his coup in freeing Ingrid Betancourt, Álvaro Uribe should not seek a third term
AFP

ONLY those blinded by ideology would deny that Álvaro Uribe has made Colombia a better place. By expanding the security forces and leading them tirelessly, Mr Uribe, who was first elected president in 2002, has imposed the authority of the democratic state across most of a previously lawless country. He persuaded thousands of right-wing paramilitaries to disarm, and has inflicted probably mortal blows on the FARC guerrillas. The latest of these was the dramatic liberation this week of the FARC’s most-prized hostages, including Ingrid Betancourt, a politician of Colombian and French nationality kidnapped six years ago, and three American defence contractors (see article). Murders have almost halved since 2002; kidnappings have fallen much more. A safer country is prospering economically, as confidence returns.

This record has won Mr Uribe his people’s gratitude (opinion polls give him an approval rating of 80%) and in 2006 a second term—after he persuaded Congress to lift a constitutional ban on consecutive presidential terms, and the courts to ratify the change. But now this second term is unexpectedly in question. On June 26th the Supreme Court found that a former legislator cast a deciding committee vote for the re-election amendment only after two ministers had promised government jobs to some of her supporters. The justices have asked the Constitutional Court to rule on the legality of the constitutional change and thus of the 2006 election.

Mr Uribe’s reaction was characteristically combative. He asked Congress to call a referendum on the legitimacy of his term. He claims that the courts are pursuing a political vendetta. He has a point: reprehensible though it is, patronage politics is routine in Colombia and much of the democratic world. To deduce that in this case it invalidates the election is disproportionate—as the Constitutional Court may well conclude.

But the president’s referendum idea is equally cock-eyed. He seems determined to battle the courts, rather than respect them. Worse, although he has denied this, the referendum suggests to many a step towards prolonging his rule beyond 2010. He has allowed supporters to gather signatures for a (separate) referendum to change the constitution again to allow him a third term. This would give him time to finish off the FARC and complete his rescue of Colombia, supporters say.

He deserves a full second term—but no more

Tempting though such a prospect might seem, a third term would be disastrous for Colombia. Mr Uribe is not without flaws. Worryingly, given his feud with the judiciary, judges nominated by him will form a majority in the Constitutional Court by next year. His shoot-from-the-hip manner has made him many enemies abroad, including in America’s Democratic Party. He may be welcoming John McCain to Colombia this week, but it is Barack Obama who is ahead in the opinion polls and the Democrats control Congress (where they are disgracefully blocking a trade agreement with Colombia mainly because of their distaste for Mr Uribe). A different Colombian president might also carry out the agrarian reform—settling people displaced by violence on land confiscated from warlords—that Colombia needs and Mr Uribe eschews.

Most importantly, Colombia’s transformation will remain fragile as long as it is the work of one man. To be complete, it needs to be institutionalised. There are several plausible successors who would maintain Mr Uribe’s security policies. Rather than a plebiscitarian strongman, in the mould of Venezuela’s Hugo Chávez or Peru’s Alberto Fujimori, Colombia needs strengthened democratic institutions. The greatest service Mr Uribe could do his country is to depart in 2010.

sábado, 7 de junho de 2008

Estratégia do "Misdirection"



O nome pode ser bonito, mas a idéia é muito simples. Vem rapidamente à tona quando um amigo bobo cutuca seu ombro de um lado, induzindo seu olhar, porém estando do outro. E é isso mesmo, fazer todos olharem para um lado ficando a parte oposta extremamente vulnerável. A utilização dessa estratégia é ampla, indo de prestidigitadores, mágicos, técnicos de futebol e, até mesmo, políticos. Políticos espertos, por assim dizer...

O mais recente utilizador do "misdirection" na América Latina chama-se Alvaro Uribe. Aproveitando todo o estardalhaço que Chavez anda criando, sendo chamado de ditador da esquerda, de populista, o presidente da Colômbia está tentando seu terceiro mandato. Em suas palavras, diz que com isso "...estamos procurando garantir a reeleição da segurança democrática e a confiança dos investidores."

Ora bolas, a quem pretende enganar?

Depois da Segunda Guerra Mundial vimos o capital internacional e os governos do primeiro mundo intervindo descaradamente na política latino-americana: a ITT financiando o golpe contra Salvador Allende por ele ter nacionalizado a infraestrutura de telefonia no Chile; a briga da Royal Dutch Shell contra a Esso pelas supostas jazidas petrolíferas entre Bolívia e Paraguai (que acarretou na Guerra do Chaco); a CIA traficando cocaína para a California para armar os Contras na Nicarágua com armas brasileiras...

O mesmo poderia estar ocorrendo na Colômbia agora.

No entanto, a imprensa internacional só tem olhos para Chavez. Claro que Chavez está exagerando com essa nova medida sobre os órgãos de inteligência, que aumentaria significativamente o autoritarismo: um Estado de Polícia, segundo a Economist. Mas não dando a devida atenção ao que está havendo no país vizinho a imprensa estaria ajudando a escolher um vencedor. Um vencedor interessante aos investidores, por assim dizer.
Bibliografia:
O Homem da Companhia - mostra a história da ITT no Chile
Artigo UNB - http://ftp.unb.br/pub/UNB/ipr/rel/rbpi/1998/58.pdf artigo do Professor Moniz Bandeira, Titular da UNB, sobre a guerra do Chaco e a rixa entre a Shell e argentinos contra a Standard Oil na Bolívia
Freakonomics - tem a história da cocaína traficada pela CIA para armar os Contras na Nicarágua

terça-feira, 20 de maio de 2008

I´ll Be Back



Sempre foi natural da política que os sucessores tentassem desfazer o feito dos antecessores. Relegam ao antecessor somente as mazelas e más políticas e reformam diversos programas, colhendo muitos dos frutos plantados no período anterior. Portanto, não é novidade o que Lula está fazendo, muitas vezes nos bastidores e bem longe dos noticiários.

Porém, não esperávamos que ele iria tão longe, querendo desfazer a própria estabilidade do Real.

Hoje saíram os dados da prévia do IGP-M (2º semana) da Fundação Getúlio Vargas, e sua leitura foi 1,54% mais alta. Se contarmos 12 meses acumulados, já teríamos uma inflação por este índice de 11,45%, de dois dígitos.

A economia já teve períodos com altas semelhantes do IGP-M para um mês após o plano real, no entanto, desta vez a aceleração da inflação está patente. O que está acontecendo não é uma observação pontual, porém um novo patamar de inflação. Notem o gráfico abaixo:


A fonte é a própria FGV (mas peguei no Ipeadata), e a tabela e gráfico foram meus eletrodos que calcularam. Estamos com uma média de deslocamento vertical de cerca de 0,47% para cima no gráfico do IGP-M (para cima significando “+”, e não “x”, por ser um deslocamento vertical). Ou seja, o IGP-M de cada mês de 2008 está até agora 0,47% maior em média que o mesmo mês de 2007. Isso sem contar com o mês de Maio, que ainda não possui valor mensal fechado (não acabou o mês). Porém, pela sua prévia dá pra notar que jogará essa média de deslocamento vertical ainda mais pra cima.

Já é possível até escutar as desculpas. Vão culpar a alta das commodities, dizer que o Brasil está importando a inflação. E isso até que explica parte. No entanto, não explica por que o Governo, antecipando que uma inflação internacional mais alta seria importada, não tomou medidas corretivas.

Para se corrigir este problema o Ministro da Fazenda, o Manteiga, teria que cortar os seus gastos públicos e acomodar esta alta de um dos componentes da demanda agregada. Mas como Dilma disse, Gasto Corrente é Vida. Cortar gastos agora é inviável para que um partido baseado no mensalão continue executando suas reformas.

Além disso, não explica por que, ao invés de tomar essas medidas corretivas de ajustes fiscais, Lula continua gastando e gastando mais. Dessa forma o Bacen não tem outra alternativa a não ser reprimir a oferta de moeda através do aumento dos juros. Isso enxugaria a liquidez do mercado, frearia a demanda agregada e sugaria os dólares excedentes que o preço das commodities tem dado ao Brasil. Mas como sempre, tudo depende de qual força é a mais forte: o estímulo fiscal ou o breque monetário.

No fim, o que teremos como resultado será o "crowding out": investimentos produtivos indo embora para dar lugar à demanda crescente do governo e ao "cosumismo" na demanda agregada.

Essa aceleração pode colocar o Brasil à beira de um círculo vicioso, com cada um dos estratos sociais tentando empurrar para o outro estrato o seu custo adicional da inflação: os trabalhadores do campo exigem maiores salários, pois pra ganhar o que ganham preferem ficar em casa com o bolsa família; os produtores de alimentos e outros insumos repassam esse custo nos seus preços; os donos das indústrias começam a cobrar mais pelos seus produtos para repassar o IGP-M, empurrando para o consumidor essa inflação de seus insumos; os trabalhadores das cidades começam a exigir maiores reajustes devido aos custos de vida crescentes; os seus patrões repassam isso em seus preços de serviços e juros de financiamento; e assim vai, criamos o carnaval dos preços relativos, que descamba para o retorno da inflação mais grave.

No fim, a nota de cem deixará de ser algo nunca dantes visto para se tornar um comum papel toalha, forro de gaiola de passarinho ou até papel higiênico.

quinta-feira, 20 de março de 2008

O Velho Buk e suas Memórias dos Perdedores


Ontem saiu o resultado da Mega-Sena. Mais de R$20mi pra um único cara em Uberlândia. Eita mineiro sortudo sô. Fico me perguntando o que ele fará com tanta grana. Acho que por eu não ter a menor idéia da resposta esta seria a causa de eu nunca ganhar nada em loterias.

Isso me faz lembrar o Velho Buk e suas descrições sobre suas apostas nos Jockeys. Um dia eu tenho que fazer isso. Ver aquela turba de fodidos amarelados, amarrotados e mendigando dinheiro. Como jornais velhos andando por aí trôpegos por um copo barato de whisky e vendo "os cavalinhos".

Lembro de como ele ficou pasmo diante de um grupo de pessoas que nunca ganhava nada. Jogavam sempre, mas nunca ganhavam um tostão furado. Os achava como uma espécie de fenômeno, pois se você joga sempre, por mais azarado que seja, pelo menos uma vez ou outra tem que ganhar uns níqueis. Bem, isso nunca acontece comigo. E se acontecer, saibam que foi a mais pura marmelada. Vai ver eu sou dessa espécie de maravilha para o Velho Buk.

Veja, por exemplo, a bolsa de valores. Entrei num joguinho desses que você brinca de apostar nas ações. Comecei bem, levantando a beça meu ranking entre os investidores de mentirinha. Porém essa crise me pegou em cheio e eu não soube a hora de sair. Como sempre, sair é meu problema. Fico lá esperançoso de que as coisas ruins vão passar e tudo será como antes, mas elas nunca passam! Acho que já virei o lanterninha da brincadeira.

Looser!

A minha única consolação é que não estou sozinho nessa parada. O que me separa de um Bears Sterns já não são tantos níqueis assim.
Talvez o mercado devesse ler mais o Bukowski.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Colombia and its neighbours
On the warpath
Mar 6th 2008 BOGOTÁ, CARACAS AND QUITOFrom The Economist print edition
Colombia is moving closer to breaking the FARC—unless Venezuela stops it



ON FEW, if any, other occasions has a head of state issued detailed orders for military mobilisation as jauntily as if he were ordering pizza, and on live television. That is what Hugo Chávez, Venezuela's president, did on March 2nd, after Colombian forces bombed a camp just inside Ecuador, killing Raúl Reyes, a senior commander of the Revolutionary Armed Forces of Colombia (FARC) guerrillas.

“Minister of defence!” bellowed Mr Chávez, on “Aló Presidente” (“Hello President”), his weekly radio and television programme. “Send me ten battalions to the border, including tanks.” He also ordered the forward deployment of his new Russian fighter-bombers, threatening that if Colombia's president, Álvaro Uribe, tried a similar raid on Venezuelan soil he would “send over the Sukhois”. The next day he broke diplomatic ties with Colombia.

Venezuelan troops (pictured above) and tanks duly moved to the more populated points of the long border between the two countries. Customs officials halted Colombian trucks at the busiest crossing point, between Cúcuta and San Cristóbal.

What made this performance odd was that it was Ecuador, not Venezuela, whose sovereignty had been violated. True, Colombia has often accused Venezuela of harbouring guerrilla leaders and tolerating camps near the border similar to the one bombed in Ecuador. But did Venezuela's president have a guilty conscience?

“Maybe he knew what was coming,” wrote Teodoro Petkoff, a guerrilla leader in the 1960s who now edits an opposition newspaper in Caracas. Mr Chávez's apparent over-reaction was a pre-emptive attempt to “throw a veil over the revelations he suspected might come from Raúl Reyes' computer,” suggested Mr Petkoff.

With Ecuador's president, Rafael Correa, following Mr Chávez's lead, this week's events sent Latin America's diplomats scurrying to prevent war enveloping the neighbourhood. But they also laid bare that Colombia's government is coming close to breaking the back of the FARC, and in the process threatening to shine light on its murky relations with neighbouring governments.
When Mr Uribe took office in 2002, the guerrillas were rampant. His predecessor had just halted peace negotiations because the FARC had used a “demilitarised” zone created to host the talks as a base for recruitment and for kidnapping (many of the politicians it has held hostage were seized during the talks). The guerrillas had some 17,000 troops; they blocked main roads and bombarded small towns, kidnapping and killing almost at will. To make matters worse, the state's inability to provide security had spawned murderous right-wing paramilitary groups.
Mr Uribe's “democratic security” policy has achieved a dramatic change. By expanding the security forces, he has driven the FARC from populated areas, while persuading most of the paramilitaries to demobilise. Officials reckon they have reduced the FARC's ranks to fewer than 11,000. But the guerrillas withdrew to the vast tropical lowlands, to areas they have controlled for 40 years. There they resisted a two-year offensive by 18,000 troops. The army could not get near the FARC's seven-man governing secretariat, of which Mr Reyes (the nom de guerre of Luis Edgar Devia) was a member.

Seeking the secretariat
Thwarted, the security forces refined their strategy. They put more effort into seeking the FARC's leaders using information from guerrilla deserters and infiltrators, and from sophisticated bugging equipment provided by the United States. Over the past year, this has started to pay off. Two FARC regional commanders have been killed and one captured. In January and February alone, the army claims to have killed 247 guerrillas and captured 226, with another 360 deserting. This pressure has pushed FARC units to the borders with Ecuador, Venezuela and Panama.



Last month the government received a tip-off that Mr Reyes was in a camp less than two kilometres (1¼ miles) inside Ecuador. Mr Uribe authorised a bombing raid by Brazilian-made Super Tucano aircraft, which killed at least 21 guerrillas. Colombian troops then crossed the border to recover Mr Reyes's corpse—and his laptop computers. (They left three wounded women guerrillas unattended.)

Most Colombians were jubilant that the government had struck at the very top of the FARC at last. Mr Reyes handled the guerrillas' relations with the outside world; he was one of three deputies to Manuel Marulanda, the FARC's elderly leader. For the first time the security forces have shown that they are capable of infiltrating and defeating the guerrillas through systematic strikes, said Román Ortiz of Fundación Ideas para la Paz, a Bogotá think-tank.

Mr Uribe doubtless thought that Mr Correa could be mollified over the cross-border raid. But spurred on by Mr Chávez, Ecuador's president sent 3,200 troops to the border and cut diplomatic ties. He demanded an emergency meeting of the Organisation of American States (OAS) to condemn Colombia, and set off on a tour of regional capitals seeking support.


The laptop lode

Almost as important as the killing of Mr Reyes may be the capture of his laptops. Apart from inside information on the FARC, according to Colombian officials, they contain documents which—if true—are embarrassing to Mr Correa but highly damaging to Mr Chávez. As the FARC's top negotiator, Mr Reyes appears to have met representatives of many governments. According to one e-mail, he met Gustavo Larrea, Mr Correa's security minister last month. Mr Larrea is alleged to have proposed a formal meeting in Quito to discuss securing the border and negotiating the release of some of the FARC's 700-odd hostages. Mr Larrea said that Colombian officials knew of his meeting, which was purely to talk about the hostages.

Ecuadorean officials have long swapped complaints with their Colombian counterparts about their mutual inability to prevent the FARC from crossing the border. Ecuador claims to spend $160m a year containing the spillover. It is also angry about Colombia spraying coca fields on the border with weedkiller, which it says drifts south on to other crops.



Nevertheless, Ecuador has given some help to Colombia. Mr Correa claimed that last year his forces dismantled 47 FARC camps inside Ecuador and on three occasions carried out joint operations with Colombian troops. American surveillance aircraft still patrol over Colombia from an air base in Ecuador, although Mr Correa has promised not to renew the lease for this when it expires in 2009.

By contrast, Mr Chávez has recently been unambiguous in his support for the FARC. He fell out with Mr Uribe last year over his attempt to act as a mediator for the hostages. Since then he has cast aside his previous stance as an honest broker seeking a peaceful solution to Colombia's internal conflict. When the FARC turned over two hostages to him in January, Mr Chávez hailed the guerrillas as a “true army” whose status as belligerents should be recognised. No other government in the region, not even Cuba's, echoed this call. On “Aló Presidente” Mr Chávez held a minute's silence in honour of Mr Reyes, whom he said he had met three times over the years. He declared that Colombia needed to be “liberated” from its “subservience” to the United States.
Another document allegedly on Mr Reyes's computer showed that Mr Chávez paid (or planned to pay) the FARC $300m. An (unrelated) e-mail to Mr Reyes suggested that the FARC were trying to obtain uranium for a “dirty bomb”. All this prompted some far-fetched exchanges. Mr Uribe said that he would denounce Mr Chávez for “financing genocide”; in return, Venezuela accused Colombia's police chief, who revealed the contents of Mr Reyes's laptop, of being a “drug trafficker”.



“This is...a microphone war,” said General Raúl Salazar, a former defence minister. Like many other Venezuelans, he doubts that it will become a real one. That is not least because many army officers do not want war with Colombia and find Mr Chávez's actions an “embarrassment”, said another former defence minister, General Raúl Baduel, who is now a prominent opponent of the president.

So what is Mr Chávez's game? One possible answer is his obsessive search for an external enemy to shore up his waning popularity at home. In December, his political blueprint for a socialist Venezuela, with indefinite presidential re-election, was defeated in a referendum. This came only a year after he won a second six-year term with 63% of the vote, and was the first time he had lost a national vote.

In November Venezuelans are due to vote for mayors and state governors. They are increasingly discontented about crime, an inflation rate that has surged to 25% and shortages of basic goods, including food and cooking gas. Because of Mr Chávez's mismanagement of agriculture, Venezuela imports much of its food from Colombia. Any lasting interruption of trade would hurt both countries (see chart). Reputable pollsters say that Mr Chávez's popularity has fallen well below 50%. Visible faction fights have broken out in his newly formed Unified Socialist Party of Venezuela.

Picking a fight with Colombia and supporting the FARC are unlikely to win him friends. One poll, by Hinterlaces, showed 89% opposed to a war and 87% opposed to the FARC. So the reason for his military mobilisation may be to deter Colombia from moving against the FARC camps in Venezuela where some Colombian officials believe that Mr Marulanda is based. A more worrying, though improbable, hypothesis is that Mr Chávez, a former army officer, is throwing off all pretence at being a civilian democrat and, fearing that he may not remain in power for long, wants to launch an assault on what he sees as American imperialism and its regional stooge, Mr Uribe.

Although George Bush gave public support to Mr Uribe, other governments in the region, led by Brazil, tried to drive a wedge between Mr Correa and Mr Chávez. There were signs that this might work. On March 5th Ecuador agreed to an OAS resolution criticising but not formally condemning Colombia. The OAS also agreed to investigate the bombing. Once the region's diplomats have patched things up between these two countries they face another, more intractable problem: Mr Chávez, still with oil money but politically on the defensive, may have thrown in his lot with an outlaw army of drug-traffickers.

quinta-feira, 6 de março de 2008


"E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a musica."

segunda-feira, 3 de março de 2008

Macaquito que ladra não morde




Toda vez que ouço uma declaração do Hugo Chávez me lembro da Tita, a pincher de um amigo meu. Nossa, como aquela cadela latia! E era só pisar mais forte que saia correndo. Não está sendo diferente agora, com esta fajuta escalada de tensões entre o Equador, Colômbia e Venezuela.

Até mesmo se recapitularmos os acontecimentos, veremos que as chances de deflagração do conflito são bastante remotas. Ninguém ali deseja um conflito, pelo menos não nesses termos. Tudo que há é um circo para os macaquitos cocaleros continuarem achando que o salvador da pátria é “mutcho matcho” e que todos devem se ajoelhar diante dos impávidos colossos que são suas nações pseudo beligerantes.

Tanto que o presidente do Equador, o Rafael Correa, no primeiro momento nem deu tanta importância ao fato da “invasão à soberania equatoriana de 1.800 metros”. Só depois que seu pária, digo, seu par, Hugo Chávez, começou a latir que ele se viu na obrigação de radicalizar usando de pretexto o relatório de suas forças armadas sobre o local do conflito.

Além disso, temos que levar os fatos comerciais em consideração. Hoje, quem fornece gás natural para o pólo produtor de petróleo do lago Maracaíbo é a Colômbia, através do investimento bilateral para a construção do gasoduto que liga os dois países. Sem contar na contrapartida do projeto de um oleoduto da Venezuela para o litoral colombiano a fim de escoar e distribuir petróleo para as nações do Pacífico.

O mesmo se dá entre a Colômbia e o Equador, com um comércio bilateral de cerca de uns US$ 3bi. Ou seja, a questão não é tão simples.

Na verdade o que está em jogo são as eleições estaduais e municipais venezuelanas que ocorrem este ano, a recém fundada aliança de solidariedade militar entre Venezuela, Nicarágua, Equador e Dominica que é uma idéia de jerico sem o menor respeito e a perda de popularidade do presidente venezuelano.

Um indicador é a aparente não movimentação militar, em contradição às declarações de mobilização de tropas para a fronteira. Ou seja, tudo até agora está no domínio da retórica inflamada.

Mas quem está ganhando este jogo? Claro que é o Uribe. A Colômbia prossegue em seu silêncio oficial sobre o assunto, pediu desculpas formais ao Equador, denunciou seus vizinhos na ONU por abrigarem terroristas, meteu a porrada nas FARC sem que ninguém possa fazer uma retaliação e está colocando a esquerda festiva latino-americana cada vez mais afundada no mar de lama da descrença pública. Não me surpreenderia se nessas eleições ocorresse mais uma boa derrota ao grupo da situação venezuelano. E aliás, daí que vem a pequena chance de um conflito, da quantidade de m#$%erda que o Uribe está jogando no ventilador.

Como já diz outro ditado, uma ação pode valer mais do que mil palavras.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Novos perigos das armas nucleares
Celso Lafer

O século 20 foi caracterizado por Hobsbawn como um século breve e uma era de extremos. Esta periodização histórica, 1914-1991, mereceu um reparo importante de Jonathan Schell, que, em livro publicado em 2001, argumenta que o século 20 não terminou.

A partir das reflexões de Hannah Arendt sobre o ineditismo das rupturas trazidas pelo século 20, Schell realça que o século 20 se prolonga neste nosso século 21 em razão de um evento inaugural: a bomba atômica lançada em 1945 pelos EUA sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão. A bomba implantou, nas concepções estratégicas, as armas nucleares. Estas assinalam a possibilidade do uso da violência numa escala inimaginável, ensejam a viabilidade do extermínio de coletividades e operam no horizonte do terror da descartabilidade do ser humano, por meio de um holocausto nuclear.

Conhecimento é poder, afirmou Francis Bacon. No século 20 o nexo do problema da relação conhecimento/poder, trazido com o advento da bomba atômica, deriva do desafio de como absorver a colossal força da energia liberada pela matéria no incerto domínio das ações humanas. Esse poder, no caso, é tanto o dos criativos usos pacíficos do nuclear (por exemplo, na medicina) quanto o de abrir a hipótese de autodestruição da própria humanidade pelo potencial inerente ao seu emprego militar. É por este motivo que o problema das armas nucleares é parte dos assuntos não resolvidos do século 20.

Schell, em livro de 2007, discute as novas configurações do perigo nuclear. Aponta que os dois problemas de natureza global que hoje ameaçam o futuro da humanidade são a catástrofe ecológica e a catástrofe nuclear. A reação a estes dois problemas globais é, no entanto, diferente. O emblemático aquecimento global é atualmente perceptível por todos. Daí a vigência, em escala planetária, de uma consciência ecológica. Por isso o risco de catástrofe ecológica está, para evocar Ortega y Gasset, ao alcance da razão vital, que permite tanto orientar a nossa vida no mundo quanto orientar-nos no entendimento do mundo por meio do conceito do desenvolvimento sustentável. Já o perigo das armas nucleares é real, mas não é perceptível na experiência cotidiana das pessoas. Está no campo da razão abstrata.

Na sua origem, a obtenção das armas nucleares e a reflexão estratégica subseqüente associaram a segurança ao medo. Da posse para impedir o seu uso por outros, derivou o “equilíbrio do terror”, lastreado na dissuasão recíproca entre os EUA e a União Soviética, que assegurou em escala global uma paz precária no período da guerra fria. Hoje, com o término da bipolaridade, não existe mais um “equilíbrio do terror”, mas a busca, pelos EUA, de uma primazia nuclear como expressão do poderio norte-americano. Esta primazia permite exterminar, mas, para lembrar Raymond Aron, não ajuda num mundo heterogêneo nem a reinar sobre os “infiéis” nem a convertê-los. Daí, além do dilema moral albergado nas armas nucleares, a sua limitação político-diplomática.

Além das preocupações com a segurança, outra motivação que leva à busca das armas nucleares é a de obter ou manter o prestígio do status de grande potência. Este foi o raciocínio que levou, no período da guerra fria, à nuclearização militar da Grã-Bretanha, da França e da China.

No pós-1991, os casos de proliferação nuclear para fins militares como os da Índia, do Paquistão e da Coréia do Norte também foram motivados pela busca de segurança e prestígio, mas tiveram o efeito de questionar a lógica do Tratado de Não-Proliferação Nuclear de 1968, o TNP, concebido para procurar impedir o crescimento de potências nucleares, além das primeiras cinco. Da mesma maneira, a nuclearização militar potencial do Irã ou a não explícita e mais antiga nuclearização militar de Israel (que tem, entre as suas motivações, o medo de um novo Holocausto) são elementos que vêm contribuindo para uma renovação da nuclearização militar. Esta tende a aprofundar-se e a espraiar-se. Assim, nesta primeira década do século 21, não tem havido nem a cessação da corrida às armas nucleares nem o desarmamento nuclear contemplado no artigo VI do TNP.

O ataque terrorista de 11 de setembro de 2001 aos EUA promoveu, na encruzilhada potencial entre radicalismo e tecnologia, o receio de que terroristas pudessem obter acesso às armas nucleares. Isso explica, no cenário contemporâneo, no âmbito do Conselho de Segurança da ONU, uma renovada ênfase na não-proliferação nuclear e também nos mecanismos das salvaguardas de controle da Agência Internacional de Energia Atômica. Uma das dificuldades do tema reside no fato de as descobertas científicas não poderem ser varridas da consciência humana. Por esta razão, o mundo pode deixar de estar nuclearmente armado, mas não deixará de ser nuclearmente capaz.

O ciclo da energia nuclear é conhecido e dominado por um sem-número de países e os passos da passagem do ciclo do enriquecimento de urânio de fins pacíficos para a produção de uma bomba são relativamente simples. Daí o uso dual - tanto pacífico quanto militar -, no plano das opções políticas, do nuclear e a sua unidade científica e tecnológica. Esta unidade explica por que o desarmamento nuclear e a não-proliferação não podem ser separados. São as duas faces de uma mesma moeda, como tem afirmado com autoridade diplomática o Brasil que, no plano constitucional e dos compromissos internacionais, soberanamente, com boas razões, afastou a opção nuclear militar.

Por isso - e não desconhecendo os perigos da proliferação e os riscos da variedade de um terrorismo de base nuclear - é uma quimera imaginar que a não-proliferação poderá ser imposta pela força ou obtida diplomaticamente num mundo permeado por tensões difusas, por potências militarmente nucleares determinadas a manter-se indefinidamente nesta condição.

Celso Lafer, professor titular da Faculdade de Direito da USP, membro da Academia Brasileira de Letras, foi ministro das Relações Exteriores no governo FHC

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008


As Conseqüências Beligerantes da Economia

O dinheiro são os veios da guerra, já dizia Maquiavel. E o extremo desta afirmação foi alcançado durante as guerras mundiais, quando a chamada “Economia de Guerra” se desenvolveu para ajudar os países envolvidos no esforço da guerra total.
Também é claro que ninguém gasta dinheiro sem esperar algum retorno, e portanto sempre se espera um butim após vencer um confronto. Mas o que acontece quando os veios da guerra secam antes de uma vitória conclusiva? Antes mesmo que o butim seja distribuído e dê uma sobrevida ao beligerante?

Talvez a declaração de Mr. Bush Junior em visita ao Kuweit no último dia 12 de Janeiro de 2008 nos dê uma explicação. Foi declarado que a situação no Iraque está mais estável e que por isso poderá retirar algumas de suas tropas (20.000 soldados). Curioso foi o fato da declaração aparecer no meio do agravamento da crise das hipotecas subprime, que se espalha por todo o mundo, como indica a triste segunda feira de 21 de Janeiro, com todas as bolsas do mundo caindo alarmantemente. Na verdade, os EUA estão em uma sinuca de bico, e não poderão fazer outra coisa senão recuar em muitas das suas pretensões mundiais.

O fato da economia americana estar possivelmente caminhando para uma recessão (o que significa menos emprego, menos vendas, menos atividades e, claro, menos arrecadação do governo), de sua população estar bastante endividada com a bolha de crédito ao consumidor e de os EUA estarem com um déficit público e inflação crescentes bem como em conta corrente (déficit gêmeo do público) colocou uma forte restrição à guerra do Iraque. E também uma forte desconfiança do mundo em relação aos EUA – o Dólar, âncora do sistema financeiro internacional, se desvaloriza frente a todas as moedas de expressão.

Assim, o risco de um problema financeiro e econômico profundo para o EUA os está obrigando a recuar em diversas frentes. Vaza documento da CIA dizendo que o Irã não procura a bomba atômica, os EUA ficam calados com a retórica agressiva do Putin em relação à barreira de mísseis na Europa Oriental, é procurado um armistício na Palestina.
É meus amigos, ao que parece Bin Laden esta levando a melhor, afundou seu inimigo em um atoleiro maluco. Mas quem vai colher o butim desta vez, deve ser a China.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Brazil

The cheque bounces

Dec 19th 2007 SÃO PAULO
From The Economist print edition
A setback for Lula and new uncertainty for public finances

IT IS an odd conjunction. The government struggles to get much done. But the president, Luiz Inácio Lula da Silva, floats above other politicians on a cloud of his own popularity. On December 13th he suffered the biggest defeat of his second term, when the Senate rejected the renewal of the CPMF, a tax on financial transactions. On the same day, Ibope, a pollster, suggested that 65% of Brazilians approve of their president.

What explains this mixture of popularity and impotence? First, it is rare for any president to enjoy a majority in the Senate. He must use patronage to build coalitions and involve himself in negotiations with the opposition. Lula does neither of these things particularly well. His government has given too many jobs to Lula's own Workers' Party and to its biggest coalition partner, the PMDB, a blancmange of a party whose guiding philosophy is to wobble in the direction of power and then demand rewards for its support.

Second, an expanding economy has kept tax revenues buoyant, making arguing for more taxes tricky. In a last-minute bid to save the CPMF, Lula announced that all the 40 billion reais ($22 billion) the new tax would raise would be spent on health care. Earlier, the government said it was essential to pay for bolsa família, a large-scale anti-poverty scheme. The opposition reckoned the tax would allow the government to splurge before municipal elections next year.

The loss of the CPMF is a setback but not a disaster for the government. It can probably plug the gap through clever accounting and rises in other taxes. It could even trim a bloated bureaucracy. But the overall fiscal deficit runs close to 2% of GDP. Traders in the financial markets reckon that the Senate's blow to the public finances will discourage the ratings agencies from elevating Brazil's debt to investment grade. Lula was more serene. When his finance minister suggested that a new tax would be needed to replace the missing revenue, Lula told him to stop worrying and calm down.